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Você acredita no trabalho dos sonhos?

Atualizado: 28 de mai. de 2020

O trabalho dos sonhos existe? O que seria um trabalho ideal? Como podemos avaliar se uma mudança de carreira vale ou não a pena? Quais as armadilhas que podemos encontrar no caminho da transição? Neste artigo, faço uma reflexão sobre nossa eterna busca pelo trabalho ideal e como evitar os riscos envolvidos nessa jornada.


Como coach de carreira, me deparo com muitas pessoas infelizes no trabalho e que buscam o tal do “trabalho dos sonhos”, um que seja perfeito, que nos faça cem por cento feliz! Mas será que esse trabalho realmente existe? Bom, se você fizer uma pesquisa rápida no Google, vai encontrar muitos que garantem que sim. Mas vamos lá. Você acredita em Papai Noel? Lamento te decepcionar, mas o trabalho dos sonhos também não existe.


Talvez você diga que o trabalho dos sonhos exista, pois conhece pessoas que amam o que fazem. É verdade, também conheço algumas delas. Ocorre que geralmente essas pessoas amam o seu trabalho não pelo fato dele ser perfeito ou “dos sonhos”, mas porque aprenderam a amar o seu trabalho, apesar de algumas adversidades. Em outras palavras, são pessoas que lidam bem com as limitações da sua carreira. Embora possua alguns aspectos negativos, o seu trabalho ainda lhes proporciona uma grande sensação de satisfação e realização.


Meu professor de bateria, por exemplo, ama o seu trabalho! Ele adora tocar bateria e dar aulas. Tem até uma banda de rock que faz algum sucesso. Mas para complementar a renda, já que ser músico não é uma das profissões mais valorizadas no Brasil (talvez em nenhum lugar do mundo...), acompanha, vez ou outra, alguns cantores de sertanejo universitário em turnê nacional. Dorme pouco, viaja muito, come mal e toca músicas de que não gosta tanto assim. Não é bem o que “ama” fazer, mas o faz para poder continuar trabalhando com aquilo gosta.


Veja bem! Não quero dizer com isso que se você está infeliz no trabalho, tenha que se acomodar e aceitar a “vida como ela é”. Se não gosta do seu trabalho atual, recomendo que você mude, mas sem a ilusão de que encontrará um trabalho perfeito. Muitas pessoas mudam de empregos e de carreira a vida toda e ainda assim vivem infelizes. Talvez seja pelo fato de que buscam algo que não existe. Estão sempre buscando a tal da felicidade, do trabalho perfeito. Mas você já considerou que, talvez, a felicidade não seja algo para se encontrar? Penso que a felicidade é um estado de espírito, é para se viver, e não algo para se alcançar. Não caia nessa armadilha! Woody Allen tem uma ótima frase para descrevê-la, “Vou ser tão feliz, quando for feliz!”.


Eu prefiro enxergar a mudança de carreira como um processo de evolução, uma decisão que envolve perdas e ganhos. Mas repare que não estou falando somente do ponto de vista financeiro, mas também de aspectos como autonomia, desafio, qualidade de vida, equilíbrio entre vida profissional e pessoal etc. Qualquer aspecto que seja importante para você e que te arranca da cama todos os dias para ir trabalhar.


Idealmente, um trabalho deve atender plenamente a três aspectos. Deve ser algo que eu goste muito de fazer, algo que eu faça com excelência e, de preferência, que remunere muito bem. Infelizmente, isso nem sempre é possível. Quando mudamos de carreira, sempre temos que abrir mão de algo para ganhar outra coisa em troca. Se sou executivo de uma grande empresa multinacional e quero me tornar autônomo para ter mais liberdade e flexibilidade ou qualidade de vida, vou ter que abrir mão da segurança do emprego (se é que ainda existe alguma...) e de um bom salário fixo mensal, com direito a férias remuneradas, 13º salário e de um bônus geralmente polpudo. E aí? Você trocaria de carreira? Você provavelmente já ouviu alguém dizer “tudo não terás”. Pois é, eu também acho.


O que eu normalmente proponho aos meus clientes que buscam uma mudança de carreira é que avaliem, de forma estruturada, concreta e realista, quais são as alternativas de novas carreiras que consideram viáveis e, para cada uma delas, que analisem as perdas e ganhos, vantagens e desvantagens da mudança. Dessa forma, poderão tomar uma decisão mais consciente, uma que faça mais sentido. Mas como é que se dá isso?


Vamos pensar na sua satisfação profissional como uma conta corrente. Mesmo estando infeliz no seu trabalho, imagino que você ainda consiga enxergar alguns aspectos positivos nele, não é? Quais seriam? E os negativos, quais são? Então, entre prós e contras, somando e subtraindo, vamos imaginar que você tenha um determinado saldo nessa conta corrente da sua “felicidade profissional”. Suponha que seja de R$100. Agora, se mudasse de carreira, quais seriam os ganhos (ou vantagens) e quais as perdas (ou desvantagens) dessa transição? Nessa conta imaginária de soma e subtração, qual seria o novo saldo? Se o novo saldo for maior, suponha R$150, então parece que a mudança faz sentido. Se for menor que R$100, então melhor rever como você lida com o seu trabalho atual ou avaliar outras opções de carreira. Sempre que a mudança for para uma carreira com um “saldo” maior do que aquele que você tem hoje, então ela terá grande chance de te proporcionar maior satisfação e realização pessoal e profissional. Será o trabalho ideal? Não! Mas se resolver mudar, parabéns! Você estará evoluindo na sua carreira!


Parece simples, mas não é! Afinal, como avaliamos o que é “ganho” e o que é “perda” na mudança? Não é algo fácil de se fazer. É aí que entra o tão falado aspecto do autoconhecimento. Para poder avaliar perdas e ganhos, inevitavelmente você terá que investir um bom tempo no seu autoconhecimento. Quais são seus valores e motivações de carreira? Suas competências e talentos? O que gosta de fazer? Quais as suas causas (se é que tem alguma) e propósito? Quais são seus objetivos pessoais? Para poder responder a essas perguntas, você deve se conhecer bem e, dessa forma, terá maior clareza do que ganha e do que perde na mudança. Para te ajudar nesse processo, existem hoje no mercado muitos profissionais que utilizam diferentes metodologias. Psicólogos, terapeutas, consultores ou coaches de carreira. Escolha aquele que mais te agrada e vá em frente! Não se torne uma vítima da sua carreira!


Para terminar, vou te fazer mais uma pergunta. Afinal de contas, o que você prefere? A “segurança” de um emprego público ou a “liberdade” de um consultor autônomo? “Ah! Quero os dois!”, você diria. Lamento novamente, mas não dá para ter os dois! Tudo não terás...

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